quinta-feira, novembro 30, 2006

quinta-feira, novembro 23, 2006

Essa tal complexidade

Hoje eu decidi falar um pouco sobre a tal teoria que dá título ao blog, a da complexidade das coisas. Mas a verdade é que está complexo me concentrar em qualquer coisa hoje. Para não sair muito do assunto, vou apenas dizer que tem a ver com uma vizinha do prédio ao lado, um andar abaixo do meu. E pára por aqui porque não é Querido Diário.

O propósito da teoria da complexidade é, em termos simples, classificar a dificuldade de resolver os problemas de alguma forma que seja possível compará-los. Ou seja, dizer, com base em princípios teóricos, que um problema é mais difícil, ou mais complexo, que outro. Por exemplo, se você está na praia de sunga, no auge hormonal da adolescência, e passa aquela gostosa e você sente algo se mexendo nos países baixos, é complexo, mas ficar vendo essa danada da vizinha embaixo todo dia provocando, sem poder fazer nada, aí é foda. Ou, de fato, não é, e este é o problema. Os problemas, então, diferem nas suas complexidades intrínsecas e nos melhores métodos para resolve-los. Se você está numa festa animada, cheia de mulher, e louco pra agarrar alguém, pode recorrer a métodos conhecidos, um dos mais populares sendo tomar uma quantidade razoável de álcool para perder a vergonha e sair dando em cima de quantas puder, até alguma suficientemente desesperada aceitar te dar uns beijos. Mas como chamar para sair a filha do vizinho, que é evangélico ferrenho daqueles da Assembléia de Deus que não deixa a menina nem usar nada que não seja uma daquelas saias no tornozelo? Esse tipo de problema que não tem nenhuma solução satisfatória é chamado de intratável.

Ah, antes que me acusem de pedófilo, o que tornaria o problema ainda mais complexo, aviso logo que a dita cuja tem 19 anos. Algo assim, foi o que eu soube. E bem, a questão da saia e da roupa composta me lembra de outro fator de complexidade do problema: como eu disse, ela provoca. Daqui do meu quarto dá pra ver o banheiro dela, pelo menos uma parte, o chuveiro mesmo fica coberto pela parede. Mas a doida aparece de vez em quando só de toalha, e fica lá um tempo em um lugar onde eu posso ver, e eu tenho certeza que é de propósito porque ela sabe que eu estou olhando. Apenas a toalha branca e os negros cabelos cacheados, e eu aqui querendo me perder nesses cachos quando devia estar estudando.

Mas voltando. Alguns problemas simplesmente não podem ser resolvidos, pelo menos não computacionalmente. Esses são chamados de indecidíveis. Como, por exemplo... ah, peraí, o que é esse movimento ali? Ai meu deus, ela de toalha de novo. O que fazer com uma dessas tentadoras malignas do inferno, eu acho, é um problema indecidível. Putz, e agora ela sentou num banquinho e está fazendo as unhas. Muito complexo isso. Peraí que eu vou ali achar o binóculo. Não me esperem de volta tão cedo.

sábado, novembro 18, 2006

Antecipando o New York Times

E lá está um cara no New York Times dizendo basicamente o mesmo que eu já escrevi aqui dias antes. Tudo bem, o artigo do NYT tem mais detalhes, é mais bem pesquisado e melhor escrito. Mas pelo menos eu disse primeiro. Go, new media, go!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Energia, Iluminação e o Fruto Sagrado

Caros companheiros da Confraria do Fruto Sagrado,

Ontem tive a fortuna de tomar um pouco do precioso Fruto. Pedi na combinação usual, recomendando como sempre que viesse o mais gelado possível. E veio. O pote para viagem logo ficou branco com gotículas de vapor de água, isso que os de língua inglesa chamam de dew, no seu lado exterior. Adicionei um pouco de mel e comecei a sorver a iguaria com calma, apreciando cada colherada que levava à boca.

Pois que me encontrava sozinho, o efeito do Fruto não foi apenas o júbilo de seu consumo e o congelamento sentido na boca; muito menos fiquei restrito apenas às eventuais paradas cerebrais causadas pela mínima temperatura. Comecei a refletir, e a idéia que apareceu, sem dúvida, foi inspirada pelo próprio Sagrado Fruto. Ora, se este é mesmo sagrado, precisamos de rituais. Lembrei-me da controversa aposta relativa à condutividade da água e de como deveríamos empregar um pote usado para servir o Fruto, pós-consumo, para realizar a experiência. O nosso erro foi pensar na água. Ora, água não é nada, talvez nem mesmo conduza eletricidade.

Então me veio a resposta: precisamos fazer a tal experiência, inserindo as extremidades de um fio que possua diferença de potencial da ordem de 220 Volts no pote, junto com o dedo de um de nós; mas dentro deste não deve haver água. Claro que não! O veículo escolhido deve ser o próprio Fruto Sagrado, na sua forma mais líquida e portanto menos adequada para consumo. A eletricidade deve ser conduzida em tal grau que a energia canalize as propriedades mágicas do nosso Fruto venerado, lançando o participante imediatamente à Iluminação, em uma epifania instantânea!

Pode parecer estranho em um primeiro momento, mas a idéia me veio enquanto tomava o Fruto. Reflitam sobre isso. Tenho certeza que tudo se dará como descrito. Precisamos testar o novo ritual o mais rápido possível.

sábado, novembro 04, 2006

Plano mirabolante #1: Tóquio

Pois é, o Japão tem estado nos meus pensamentos. Aí, como acontece com freqüência na Internet, aparece algum conjunto serendipitoso de coisas trazendo novos planos pra cá. As coisas se encaixam. Permitam-me explicar.

Já tinha lido há uns tempos sobre a moda atual de realizar casamentos ocidentais no Japão. O fato é que a influência cultural do ocidente tem feito os casais japoneses cada vez mais preferirem a cerimônia de casamento católica-cristã ocidental ao tradicional ritual de casamento xintoísta. Mas acontece que os noivos normalmente não são cristãos -- no Japão, apenas 1% da população segue a religião. Então a cerimônia é só pela aparência mesmo, para se casar como nos filmes. E isso inclui um padre. Ocidental. Que, como o casamento é de mentira, não deve ser realmente um padre cristão, já que é tudo uma encenação.

Voltamos então ao Japan in my mind. Um problema de ir para lá é como ganhar dinheiro. Bom, eu poderia trabalhar como programador, talvez. Mas para isso acho que seria necessário saber japonês relativamente bem. O que eu não sei. E quanto a outros empregos, deve ser meio difícil arranjar para um estrangeiro, pelo menos assim de longe. Sem garantias, o perigo é ir e perder uma ruma de dinheiro e ter que voltar sem conseguir ficar lá e ainda mais pobre.

Então, junte-se as duas coisas. O padre dessas cerimônias, além de ser ocidental, tem que saber um japonês meio macarrônico, para a ilusão ficar melhor. E, claro, como é um trabalho ir lá e fingir que é padre, isso é pago. Ei-la: a oportunidade perfeita! Dá para ganhar bem sendo ocidental, sem saber muito japonês e celebrando casamentos. E eu acho que tenho boas qualificações: mais de uma pessoa já me disse que eu tenho cara de monge.

Melhor ainda: se eu não me sentir totalmente bem por fingir ser padre, considerando minha educação católica, é possível até me ordenar imediatamente, pela Internet, na Igreja da Vida Universal. Tudo se encaixa.

Vou ali ver quanto custa uma passagem para Tóquio.