quarta-feira, novembro 21, 2007

Viva o capitalismo!

Por algum motivo, o Linux no meu notebook parou de funcionar, justamente na hora em que eu precisava dele para preparar os slides de uma aula. Tipo, para amanhã.

Essas coisas como Linux e socialismo são muito legais e bonitinhas na teoria, mas quando chega a hora de mostrar serviço é assim, desconfigura uma coisa aqui, não tem suporte para um dispositivo ali, 20 milhões são mortos em perseguições políticas ou fome programada e adeus à liberdade de expressão e de formação de partidos políticos.

É por isso que eu gosto do capitalismo. Viva o capitalismo! Viva o Windows! Não que o Windows seja assim uma maravilha, ou o capitalismo. Mas é melhor que a concorrência.

Ou, talvez, um caminho intermediário seja possível (não um outro mundo inteiro, só um caminho do meio, calma). Um capitalismo com o Estado garantindo alguns serviços sociais, uma social-democracia, quem sabe, com um bom sistema de saúde pública, um sistema com Unix por baixo mas bem acabado, bem feito, e com uma boa interface gráfica. Hm, acho que preciso comprar um Mac.

terça-feira, novembro 13, 2007

De novo

310% Geek

Obviamente, tem um bug no código javascript da página.

9999% Geek

Sem falar que o resultado é facilmente falsificável.

Ok, de volta ao trabalho...

Das coisas que inventaram para quando não se tem idéias para postar

102% Geek

Observe o percentual.

domingo, novembro 04, 2007

Penis enlargement self-help

Ou, a abordagem spam para auto-ajuda.

Assunto do email que eu recebi hoje: There are no losers among the possessors of long dicks. Now you can be one of them!

sábado, outubro 06, 2007

Causas do aquecimento global: Jane Fonda

Deu no New York Times: Jane Fonda é uma das causas do aquecimento global.

Tem a ver com um filme de 1979 chamado The China Syndrome (lançado aqui como Síndrome da China, em um milagre de tradução justa de título de filme). Neste filme, ela interpreta uma repórter que denuncia os perigos da energia nuclear, talvez exagerando um pouquinho ("um acidente poderia tornar inabitável uma área do tamanho da Pensilvania"). Daí veio o pânico, e o público americano passou a se opor ao emprego da energia nuclear, e a matriz energética dos EUA, que se esperava que mudasse quase completamente para esse tipo de energia, ficou na mesma até hoje, baseada principalmente em termoelétricas. Mas as nucleares são bem mais "limpas", não queimam combustíveis fósseis e não causam aquecimento global. Ou seja, um dos países que mais gastam energia no mundo, e que tem o maior gasto energético per capita do mundo -- cada americano consome o equivalente a uns 4 ou 5 brasileiros, por aí -- poderia estar, agora, gerando energia limpa e causando um impacto bem menor no aquecimento global. Mas não está.

E a culpa é de Jane Fonda.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Como escrever um artigo em dois dias

Não sei ainda, mas me perguntem depois de domingo.

segunda-feira, setembro 10, 2007

E por falar em Weird Science

Não sei vocês, mas eu li em tudo quanto foi lugar nas internets a história "cientistas provam que Jessica Alba é a mulher mais sexy do mundo" ou algo nesse espírito. Claro que, de cara, eu já desconfiei, como sempre desconfio de qualquer notícia que fale sobre os cientistas provando alguma besteira. Imaginei que algum veículo de imprensa ou alguma empresa de RP teria usado um estudo real, talvez não muito confiável, e tirado as conclusões distorcidas que eles queriam, ou que ficariam mais legais numa manchete. Isso ocorre.

Mas não. Não havia pesquisa. Uma empresa de relações públicas simplesmente tirou, praticamente do nada (out of their asses seria uma expressão adequada), os resultados que apareceram por aí em tantos veículos tradicionais e blogs. Existem evidências, conhecidas há um bom tempo, que a razão cintura-quadris tem a ver com preferências masculinas -- que, obviamente, variam entre culturas, etnias e mesmo entre indivíduos -- mas a "ciência" da história pára por aí. E claro, isso tudo era para ajudar a vender alguma coisa: creme para depilação, ou algo assim. Por isso a ênfase no "andar mais sexy".

Bom, normal. Não é só imprecisão dos jornalistas científicos, mas também esses "truques" que as empresas de RP fazem para promover ou vender alguma coisa. Como as histórias que saem de vez em quando sobre o chocolate: que combate a depressão, ou que comer chocolate causa no cérebro a mesma reação bioquímica de um orgasmo. Agora, sinceramente: alguém já teve um orgasmo comendo chocolate? Porque eu adoro chocolate, sou um notório chocólatra entre os que me conhecem, mas eu diria que a sensação de comer chocolate é bem diferente de um orgasmo. Ou, não sei, vai ver sou eu que faço algo errado. Tem algum jeito especial para comer chocolate que eu não tô sabendo? Bom, na verdade tem, mas é melhor que certas coisas fiquem não ditas.

Ou, talvez, quem sabe, essa história toda do chocolate tenha sido encomendada por uma firma de RP, em nome de algum fabricante de chocolate. Ok, mesmo assim: chocolate continua sendo muito bom (particularmente quando há modos especiais de comer envolvidos) e Jessica Alba continua sendo muito gata. É por isso que as pessoas lêem essas coisas e dizem "mas esses cientistas pesquisam cada coisa mais óbvia!"

terça-feira, agosto 28, 2007

O Segredo da Complexidade Quântica

Um Computador Quântico é uma máquina que satisfaz os desejos de seu operador. Isso é óbvio quando se considera que filmes como O Segredo e Quem Somos Nós explicam cientificamente o poder do pensamento positivo através da mecânica quântica: ora, se a própria observação influi na natureza do que é observado, segundo o princípio da incerteza de Heisenberg, isso significa que mentalizar as coisas certas altera a realidade para que se consiga aquilo. Essa é a lógica. Logo, um computador que incorpora, no seu âmago, o princípio da mecânica quântica que permite a alguém fazer o universo se curvar à sua vontade só pode ser uma máquina dos desejos, um gênio da lâmpada moderno.

Parêntese: a outra forma de fazer o universo se curvar ao seu redor vem da Teoria da Relatividade. Quanto maior a massa de um corpo, maior a curvatura do universo em torno desse corpo. Como a única maneira que nós, seres humanos, temos para aumentar nossa massa é engordando, isso significa que quanto mais gordo se é, mais o universo se curva ao seu redor. Então o negócio é ser muito gordo, como diz João. Fecha parêntese.

E aí tem um monte de gente estudando o algoritmo de Shor, e como fica a teoria da complexidade face à computação quântica, mas ninguém está estudando o que é realmente importante: como fazer um computador quântico funcionar bem. Bem, antes disso, se for preciso pensar em desempenho, pode-se investigar quanto tempo demora do desejo da pessoa até a reconfiguração do estado quântico da matéria que possibilitará a concretização do desejo. Mas o mais importante, como eu disse, é o funcionamento correto: a pessoa está lá operando seu computador, e aí pensa em alguma coisa espúria, como aquele dia em que bebeu todas e vomitou o chão da sala todo. O que o computador quântico faz nessa hora? Pode ser bem desagradável. Outro problema é o que o computador faz quando duas ou mais pessoas estiverem por perto. Ele seguirá a mentalização de uma das pessoas, ou fará uma composição das mentalizações? Imagino as aberrações que podem surgir desse jeito.

Mas não há motivo para preocupações: que se procure a autora de O Segredo, ou o cara que escreveu o livro que deu origem a Quem Somos Nós. Eles devem saber como isso se processa. Tem o japonês dos flocos de gelo também. Perguntem a eles.

Enquanto isso, não podemos deixar de lado um pouco de revisionismo histórico e declarar que Mulher Nota 1000 foi um filme visionário: é claro que os dois rapazes do filme tinham um computador quântico, e ao mentalizar as várias fotos de gostosas conseguiram configura-lo para produzir a dama de vermelho.

Mal posso esperar para ter o meu.

terça-feira, julho 31, 2007

Coisas que eu detesto na internet: opiniões extremadas

Faz sentido, mas não deixa de ter problemas: se você quer ter a mínima esperança de ser ouvido nesse mar de verborragia que é a internet, é preciso chamar a atenção. Logo, se o título do post fosse "coisas que eu não gosto muito na internet, mas tudo bem que a vida segue e isso nem influi tanto assim no meu dia", ninguém prestava a menor atenção. Então tem que ser assim: extremo. Detesto. Odeio. Não suporto essas opiniões extremadas para chamar a atenção.

Isso pode ser o início de guerras verbais (flamewars) intensas, em que não muito tempo após o início ninguém lembra mais qual era o assunto inicial. Eu, por exemplo, posso dizer que odeio quando quadrinhos na web passam uma ou mais semanas com cartunistas convidados. Acontece muito: o cara tem que viajar, ou não tem tempo por algum outro motivo, e chama amigos de outras tiras para desenhar o quadrinho dele. Ora, se eu quisesse ler outros quadrinhos eu ia em outros sites. Mas enfim, se eu disser que detesto, a primeira contra-crítica que aparece é: "você não pode generalizar. Além do mais, que besteira detestar uma coisa inofensiva como cartunistas convidados. Isso é sinal de imbecilidade e pseudo-intelectualidade." Na vida real isso aconteceria em vários comentários, mas eu comprimi em um só. Falar que não pode generalizar e chamar de pseudo-algumacoisa é padrão, sempre tem que ter.

Por outro lado, se eu disser que acho meio chatinho mas nem me incomoda tanto assim, dependendo do dia, ver cartunistas convidados fazendo as tiras de um quadrinho na Web que eu gosto, ninguém ia nem comentar. Acho que o problema são os clichés. Já usaram muito essa história de artista convidado (e de uma vez, pelo menos, não posso reclamar, que foi quando encontrei a melhor tira de todos os tempos, Sluggy Freelance, porque o autor foi convidado por um tempo na User Friendly, que já foi legal um dia).

Aliás, viu como eu disse que a Sluggy é a melhor tira de todos os tempos, e não só uma tira muito legal? Pois é. Extremos. Que eram, aliás, o assunto do post. Eu os desprezo. Deve haver um círculo especial do inferno para os que escrevem essas opiniões extremadas demais. E clichés.

Tem outro cliché irritante na internet: gente que posta sendo chatinho-irônico-meio-humorista sobre alguma coisa que detesta. Tem blogs por aí que são quase só sobre isso: coisas que o blogueiro detesta. É chatíssimo, sem criatividade e estupidamente imbecil. Vamos então adicionar mais este "Coisas que eu detesto na internet: gente que posta sobre coisas que detesta".

sexta-feira, julho 13, 2007

Escolhas

Em algum momento da vida eu tive que escolher entre fazer exatas ou ser alguma coisa da "área artística". Deviam ter me avisado enfaticamente que os artistas pegam muito mais mulher. Mesmo que não tenham talento pra nada, nem façam nenhum tipo de arte. O importante é ser artista.

domingo, junho 10, 2007

Neck pain

E é assim que é, às vezes você trabalha que só para ir atrás de alguma coisa, e ou não consegue, ou consegue mas fica doente depois e aí você pensa se valeu, se vale a pena.

Eu sempre gostei de filmes de zumbis, não sei, tem algo ali que me interessa, o fim do mundo talvez, algo assim. Mas antes eu nunca tinha me identificado com eles próprios, os zumbis, e agora parece que é o que está acontecendo. Fui um zumbi durante a maior parte do fim de semana, e hoje mais ainda. O que mata, como diria alguém que estava virando zumbi em algum filme que eu não lembro, é essa rigidez no corpo, essa dor no pescoço. Possivelmente porque a transformação ainda não está completa, decerto. E isso é certo por causa de um detalhe importante: zumbis não têm sentimentos. Can't wait to get there.

Mioooooolo!!! (!!!!1111)

sábado, junho 02, 2007

Lolitas e motéis

Primeiro já havia o Lolita Complex, chamado carinhosamente de roricon (ロリコン) no Japão. Depois veio a moda da Gothic Lolita, e eu descubro que um dos expoentes do movimento é o japonês chamado Mana. Sim, é um japonês, artigo indefinido masculino singular.

E aí descobri já faz um tempo que o Japão é um dos pouco países, além do Brasil, que têm motéis. Ou seja, estabelecimentos criados expressamente para prover um lugar seguro para o acasalamento. Lá eles chamam de Love Hotels.

Fiquei sabendo também recentemente que os motéis estão começando a aparecer em Portugal, mas aí é por influência dos brasileiros. Os colonizados colonizando a metrópole.

quinta-feira, maio 17, 2007

Aperreios

Livros não chegam, e dólar cai, mas a bolsa também. E raios caem na sua cabeça ou de pessoas queridas, e me preocupo, me preocupo com o futuro, com minha carreira, com o tamanho da minha mediocridade, e queria ter mais tempo para tudo e mais um monte de coisa, e tem os filmes para ver, e os livros para ler, e as músicas para escutar e estudar, e os idiomas e as viagens e o peso, preciso emagrecer, preciso comer menos, tenho que fazer uma atividade física, uma arte marcial seria legal, ou kendo, ou os dois, ou apenas caminhar, ou andar de bicicleta, se bem que dizem que dá câncer de próstata, o que não dá câncer ainda?, plantas têm agrotóxicos e os raios do monitor podem ativar mutações cancerígenas na minha cara a qualquer momento. Preciso de férias, preciso de tempo para pensar, elaborar possibilidades, linhas, e trabalho, trabalho. E me preocupo com tudo isso.

Só não me preocupo com o aquecimento global.

quarta-feira, maio 02, 2007

Globalização?

Chegou um livro pra mim hoje. Os autores são um dinamarquês e um polonês. Os editores são americanos, ingleses e russos. A editora é uma empresa holandesa, e o livro foi impresso e encadernado na Holanda. Comprei numa livraria on-line no Canadá -- por algum motivo, era mais barato do que nas dos EUA. Foi entregue por uma empresa americana, e veio chegar aqui no Brasil.

E o que isso significa? Que não tem nenhum chinês no meio dessa história. O que parece ser uma coisa cada vez mais rara.

Ah não, espera. Será que a tinta ou o papel são chineses?

sexta-feira, abril 27, 2007

Mais citação

Uma que eu sempre gostei e reencontrei dia desses:
A computational process is indeed much like a sorcerer’s idea of a spirit. It cannot be seen or touched. It is not composed of matter at all. However, it is very real. It can perform intellectual work. It can answer questions. It can affect the world by disbursing money at a bank or by controlling a robot arm in a factory. The programs we use to conjure processes are like a sorcerer’s spells.
Ou, tentando traduzir:
Um processo computacional é realmente muito similar à idéia de espírito para um feiticeiro. O processo não pode ser visto nem tocado; não é composto por matéria em nenhuma forma. Entretanto, é bastante real: um processo pode realizar trabalho intelectual; pode responder perguntas; pode afetar o mundo ao colocar dinheiro numa conta de banco ou controlar um robô montador em uma fábrica. Os programas que usamos para conjurar esses processos são como os feitiços de um feiticeiro.
Isso está no livro Structure and Interpretation of Computer Programs de Abelson e Sussman, um clássico da computação. A capa do livro, por sinal, mostra dois feiticeiros manipulando símbolos que têm a ver com a essência da programação.

terça-feira, abril 24, 2007

Gotas de Sabedoria

Quando eu era uma criança, falava como criança, entendia como criança, e pensava como criança; mas quando me tornei um homem, deixei de lado as coisas de criança.

* * *

Disse o mestre Kyôgen:
O zen é como um homem pendurado pelos dentes em uma árvore sobre um precipício. Suas mãos não alcançam nenhum galho, seus pés não repousam em nenhum tronco e, sob a árvore, outra pessoa lhe pergunta: "Por que Bodhidharma foi da Índia para a China?" Se o homem da árvore não responde, ele fracassa; e se responde, cai e perde a vida. O que fará?

quarta-feira, abril 11, 2007

Letras

Percebo que nunca postei letras de música neste blog. Nem nos blogs falecidos anteriormente. E o que é um blog sem letra de música?

Mas o que me fez pensar em letras de música foi algo inesperado. A verdade é que uma vantagem de ter tido uma juventude metaleira é que dá para se divertir, depois, lembrando das letras das músicas. E mais, muitas ainda são cantadas de maneira incompreensível. Outro dia estava lembrando dessa:

Speak the truth
Pay the price
The unjust reign
The innocent cry

Lindo, não? As rimas, a profundidade das imagens. Ok, tem coisas bem piores. Os exemplos encheriam posts para meses. Algumas são literais demais, outras muito obscuras mas sem muita noção de ritmo, rima ou mesmo musicalidade. Mas tudo bem, de certas bandas não se espera letras lá grande coisa. E isso acontece em qualquer gênero musical. O caso do metal é que tem aquelas temáticas legais que ajudam a tornar as letras engraçadas: fantasia, terror e temas apocalípticos, por exemplo. As bandas de metal já se preocupavam com a ecologia há muito tempo.

Mas há bandas de que se espera algo, que constroem uma imagem, e mesmo assim cometem versos como
There was unrest in the forest
Isso de uma banda que é considerada cabeça, que faz letras inspiradas no objetivismo de Ayn Rand.

Por outro lado, de lugares inesperados saem coisas legais. O Ratos de Porão tinha até umas coisas interessantes vez por outra, se a pessoa aguentasse o barulho. Incluindo uma música que é a síntese perfeita -- em 16 segundos -- do que quase todas essas bandas de metal/hardcore e similares querem dizer: Caos.

terça-feira, abril 03, 2007

À guisa de anúncio

Eu estava aqui quieto, no meu canto, contente em ter aproximadamente π leitores. Mas eis que a pessoa me convida para participar em um blog conjunto e ora, por que não?

Só aviso que eu tenho um diploma de engenharia ali guardado em algum lugar. Ou seja, não esperem muito de mim. Ainda mais que minha sócia é jornalista e tal, enquanto eu nem sei usar palavras chiques como intertexto nos meus posts.

Portanto, da parte que me cabe desse latifúndio, só posso dizer que pessoas falando sobre o que elas não entendem é a própria essência da Internet. Então tá tudo bem.

Mas eu acho que vai ser legal. E quando eu tiver escrito muita besteira, combinemos que deve ser considerado como se fosse humor. Vejam lá.

segunda-feira, abril 02, 2007

Desabafo

Ninguém acredita quando eu digo que sou assexuado. Fazer o que? Sex is overrated. Por que todo mundo tem que ser bom de cama, e ter histórias de sexo selvagem e experimentações inusitadas na alcova para contar? O imperativo de ser feliz, ou ao menos parecer ser, se impõe também com relação à vida sexual das pessoas.

Falar em imperativo, aliás, me lembrou uma idéia de negócio que tive há um tempo: produtos inspirados na filosofia para um público mais culto, ou que gosta de posar de culto. O alvo principal eram as mulheres, por nenhum outro motivo que não o fato das melhores idéias terem sido de produtos para elas. E são as mulheres que compram mais, não? Estereótipos ou não. Enfim, uma das idéias pensadas foi um consolo chamado "Imperativo Categórico". Ainda acho que é um nome bem adequado.

Mas me distraio. Sim, sou assexuado. Talvez vocês não consigam entender como, e em que grau, o ato do sexo em si é bizarro para quem vê de fora, sem os hormônios para dizer que aquilo é legal. É uma grande bagunça, e se há algo que eu não gosto é bagunça. Ou sujeira. Minha mãe acha que eu posso ter um pouco de TOC, só porque eu lavo as mãos algumas vezes por dia. Atualmente trinta e duas, em média. Eu gosto de potências de dois. De potências em geral, mesmo. A própria palavra "potência" é bem potente, não? Tem assim uma qualidade quase... erótica. E o número dois então, um número mágico, um número de simetria da natureza. Dois seios, duas nádegas.

Me distraio novamente. Não é tão difícil ser assexuado, basta sublimar toda sua energia fazendo outras coisas. Se me perguntassem minha orientação sexual (sim, porque nunca chegaria a tanto já que eu não faço o jogo) eu diria que sou heterossexual não praticante. Sexo é praticamente uma religião, sim, da qual eu tento não fazer parte. A mais universal de todas. Gente de todas as cores, e regidas por qualquer deus, se ajoelham e rezam preces compostas de gemidos e suspiros e gritos, ritmados e sincopados em um transe de êxtase, como dervixes rodopiando inebriadamente...

Ah, me desculpem. Mas não, antes que me perguntem, isso não tem nada a ver com mulher ou alguma desilusão amorosa. Como assim há quanto tempo eu me abstenho de sexo? Essa é uma pergunta ofensiva. Alguns engraçadinhos também soltam indiretas que eu sou assim porque não pego ninguém. Não é verdade. Sim, é verdade que ela ligou para mim ontem e disse que sentia a minha falta. E só para provar que eu não me abstenho por falta de opção, eu a chamei para ir lá em casa hoje à noite, e ela disse que ia. Vou provar a todos vocês o quão assexuado eu sou. Vocês vão ver. Mas estava pensando comigo mesmo: que vinho será que eu compro? Algúem tem alguma dica?

quarta-feira, março 21, 2007

Em melhor forma. Mais feliz. Mais produtivo.

- Saí do trabalho.
- Por que?
- Não sei, não tava conseguindo viver.
- Viver dá trabalho.
- Acho que não sei o que quero. No fundo só quero ser feliz.
- Ser feliz dá trabalho.
- Não entendo por quê. Felicidade e trabalho na mesma frase, só se for paradoxo.
- E é por isso que você não é feliz ainda. Há todo um método para a coisa. É preciso estar em contato com a família e os amigos, se exercitar, comer bem, rir de si mesmo, amar, estar ligado à natureza, se divertir, manter a auto-estima alta, ler, participar da sua comunidade. E isso é só para começar.
- Como eu vou fazer tudo isso? Há anos nem tenho mais tempo para o amor.
- O amor também dá trabalho. Há toda uma outra série de coisas para cuidar e tarefas para cumprir.
- Mas eu acabei de sair do trabalho. Será que não fico livre dele nunca?
- Viver dá trabalho.
- ...
- Mas não se preocupe, vamos aqui na livraria e eu te indico uns bons livros para começar a organizar sua vida. Já te disse que ser feliz dá trabalho?
- E se eu for demitido?
- Nada, é tudo questão de ter o método certo. Vamos lá comprar os livros.
- Não posso.
- Por que?
- Gastei todo meu dinheiro comprando livros sobre como ficar rico.

quarta-feira, março 14, 2007

Dia Pi

Hoje é o Dia Pi, pelo menos para os lugares onde se coloca a data na ordem mês-dia-ano. Se a ordem é essa e a separação é feita com um ponto, hoje é 3.14, o que é uma aproximação um pouco grosseira de pi, na verdade, mas usável em algumas situações. O erro é de menos de 1%, mas se este for o valor usado para calcular a janela de reentrada de uma nave na atmosfera terrestre, deve ser suficiente para matar todos os tripulantes.

O Dia Pi mais preciso de todos os tempos já ocorreu, e foi no ano de 1592.
Na verdade haverá outro, ainda mais preciso, em 15926.
E outro com melhor precisão ainda em 159265.
E outro em 1592653.
E ainda em 15926535.
E 159265358.
E 1592653589...
ad infinitum
15926535897932384626433832795028841971693993751058
20974944592307816406286208998628034825342117067982
14808651328230664709384460955058223172535940812848
11174502841027019385211055596446229489549303819644
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74857242454150695950829533116861727855889075098381
75463746493931925506040092770167113900984882401285
836160356370766010471018194295559619894676783744...

quinta-feira, março 01, 2007

Dada Spam

E deus criou o email, ao que o diabo respondeu criando o spam, entre um e outro ensaio de algum cover das canções celestiais. As forças do Bem tiveram a idéia de criar filtros para detectar spam, e buscaram a ajuda do reverendo Thomas Bayes. Veio à luz o filtro de spam bayesiano.

A idéia é simples: existem algumas palavras que ocorrem muito em spam; por exemplo, "viagra". Então a ocorrência de uma palavra dessas em uma mensagem de email aumenta a probabilidade que este seja spam, wonderful spam!, lovely spam! Ou só spam normal mesmo.

Depois disso os spammers pensaram em escrever as palavras de formas diferentes, como "v1agra" ou "v14gra" e por aí vai. Mas os filtros bayesianos são treinados para aprender novas palavras que sejam usadas, com alta probabilidade, em mensagens de spam. E aí, o que fazer?

Eis que os spammers tiveram uma ótima idéia, com conseqüências inesperadas: examinar vários emails legítimos (ou seja, não spam) e selecionar aleatoriamente palavras que ocorrem nesses emails para colocar no campo de assunto e no texto de um email spam. Não funcionou muito bem, mas gerou ótimos versos com os quais se pode brincar de "monte seu próprio poema dadaísta". Tristan Tzara não imaginou essa. Olhando hoje na pasta de spam do meu email, fiz esse aqui:

No pyrophosphate the marsupial
deck, dressed in nothing but swimming trunks
do visible or magnetite.
But to septate
by recombinant or fermi
I where or asunder
As escapade to wheel!

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Mais uma proposta para o aquecimento global

O aquecimento global traz alguns problemas interessantes. Um é conseqüência direta do aumento das temperaturas: em locais quentes se torna cada vez mais imprescindível ter um ar-condicionado, em casa, no trabalho, no carro, aparelho portátil para andar na rua, ar-condicionados em todo lugar.

Mas o gasto de energia provocado por todos esses aparelhos de ar-condicionado implica, em geral, em mais emissões de CO2, e portanto mais aquecimento global. Que aumentará a necessidade de refrigeração ainda mais, que contribui para mais aquecimento, e por aí vai. Uma hora deve parar porque o mundo acaba. Mas enquanto isso não acontece, eu prefiro estar num ambiente agradavelmente climatizado quando o mundo acabar do que suando feito um porco. Eu sei que é o ano do porco mas prefiro não ser como um.

E aí vai mais uma sugestão minha: criemos a campanha Fusão Nuclear JÁ! A energia gerada por processos de fusão nuclear tem rendimento bem maior, com menos risco e menores problemas de lixo nuclear que o processo de fissão usado nas usinas atuais. O problema é que ainda não se sabe como controlar a energia da fusão, mas espera-se que em uma ou duas décadas exista tecnologia para isso. Se toda a humanidade fizer um esforço concentrado para achar soluções, é possível que o tempo seja bastante reduzido. Com essa campanha, todo mundo vai trabalhar pelo desenvolvimento da fusão nuclear como fonte de energia. Depois que isso estiver resolvido, todo mundo volta às suas vidas normais. O aquecimento global acabará em mais alguns anos, e nós poderemos ter nossos aparelhos de ar-condicionado. Todo mundo ganha.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Os brasileiros, segundo William Gibson

"...illiterate but massively video-consumptive folk". Eu achei engraçado, e até algo mais. Quem quiser que não goste, e organize campanhas de boicote contra o livro.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

2 em 1

No que procuro alguns DVDs de longas de animação japoneses, encontro a única forma em que A Viagem de Chihiro está disponível atualmente por aqui: em um pacote 2 em 1. Ultimamente têm aparecido vários desses, "Leve 2 filmes de ação" ou similares, em que os filmes estão ligados por alguma semelhança temática.

Neste com Chihiro são, obviamente, duas animações. O outro filme se chama Blinky Bill: O Ursinho Travesso.

Existem duas hipóteses para explicar o fato: ignorância ou má-fé. A primeira diria que a distribuidora não entende nada e juntou os dois como filmes infantis, já que são animações, e há todo um preconceito. Mas vendo o site criado pela distribuidora para promover o filme, tenho minhas dúvidas. Acho que eles pensaram "tem uma menina e um dragão bonitinho na capa, os pais vão olhar e levar para as crianças sem nem saber o que é". Pior que nem tá caro. Alguém quer um DVD de Blinky Bill: O Ursinho Travesso de presente?

domingo, fevereiro 04, 2007

Apocaeucalypto

Eu cresci sabendo que o mundo ia acabar. Mas como foi na década de 80, todo mundo sabia que o mundo ia acabar em uma guerra nuclear entre os EUA e a URSS, as duas siglas-potências do tempo. Eu vi inúmeros documentários sobre bombas atômicas, nucleares e de hidrogênio; sobre o que acontece na explosão, onda de choque, corpos carbonizados e tudo mais; sobre os testes do governo americano em que soldados foram expostos à radiação de uma bomba; sobre os testes com porcos. Eu vi The Day After, e documentários sobre como seria a vida após uma hecatombe nuclear. Essas coisas passavam na Globo regularmente.

Mas agora a guerra nuclear está em baixa, e todo mundo sabe que o mundo vai acabar por causa do aquecimento global. Que vai causar a elevação dos mares e sabe lá o que mais. Ironicamente, eu vi uma animação japonesa quando era pré-adolescente em que alienígenas vinham invadir a Terra porque o planeta deles tava completamente ferrado. E tinha um heroizinho andrógino de cabelo azul que pilotava o mega-robô para lutar contra eles. Mas aí chega um momento em que os alienígenas, que são humanóides perfeitos, decidem que não podem ganhar a guerra no braço, então têm que partir pra ignorância. Eles lançam duas bombas nucleares para explodirem nas calotas polares da Terra, derretendo o gelo todo e causando enormes tsunamis assassinos no planeta inteiro. Claro que a essa altura o Japão já era, mas o resto do planeta quase todo também. No final, o herói andrógino de cabelo azul está andando com o corpo de sua amada nos braços, e toca aquela musiquinha super triste, e é isso. O mundo acabou e o herói perdeu a namorada. Por sinal, eu vi vários desenhos e alguns filmes japoneses nessa época, e sempre tinha esse tom catastrófico. Um dia me perguntei, por que será que os japoneses gostam tanto de uma tragédia de grandes proporções? Que obsessão é essa que eles têm de querer ver Tóquio destruída por algum monstro gigante? Ah sim, lembrei: Hiroshima e Nagasaki e os documentários que eu vi sobre isso. Passavam no Globo Reporter, incluindo reconstituições detalhadas de como foi, relatos dos sobreviventes, toda aquela coisa legal de se ver quando você é criança. Mas ok, eu entendo porque em tantas histórias aparece um fator externo super-fodão para matar milhões de inocentes, ou o planeta todo mesmo.

Voltando, ter tido toda essa educação sobre apocalipses nucleares me deu uma idéia para solucionar o aquecimento global. Quem assistiu os documentários sabe que após as bombas e a devastação vem o que se chama de inverno nuclear, quando nuvens cobrem toda a superfície e bloqueiam os raios de sol. Então, solta-se umas bombas por aí em locais pouco habitados, e é inverno nuclear versus aquecimento global; o que acham? É um embate clássico, do tipo facas ginsu versus meias vivarina.

Mas o que importa, mesmo, é que o mundo vai acabar. O mundo sempre vai acabar.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Saúde Revolucionária

Como se diz por aí, inclusive no blog de falcão, o capital é o problema. Enquanto o capitalismo imperialista malvado avança, miremo-nos no exemplo da China. Até mesmo nos anúncios de saúde, os chineses reconheceram que o dinheiro é a raiz de todos os males. Vejamos alguns anúncios de utilidade pública do reino do meio que ilustram esse zelo revolucionário.

Este primeiro, por exemplo, mostra uma cidadã consciente, obviamente comunista, avisando o oficial de saúde de algum problema. Talvez alguém que andou falando sobre livre mercado e liberdades individuais, ou outras idéias similarmente perigosas. Afinal, pra quê ter liberdade individual quando se tem boa saúde, boa educação e um líder que perpetuamente se preocupa com a explosão populacional -- veja-se o exemplo dos bem 100 milhões que morreram na China de Mao.

Este outro mostra uma cidadã similar divulgando, a toda voz, os ensinamentos de Mao para o campo, vacinando as crianças inocentes contra os males do capitalismo. Coisa parecida é mostrada neste terceiro cartaz. A sempre alerta e prestativa cidadã consciente chega no campo para cuidar da saúde dos companheiros camponeses; embora ela leve uma bolsa medicinal ao lado, provavelmente com remédios, ela empunha orgulhosamente o livro vermelho de Mao, solução para todos os problemas (inclusive os de saúde). Note-se na ilustração à direita, o pirralho claramente capitalista -- a semelhança com Nhonho, filho de um explorador capitalista burguês, é notável -- sugando a vida da menina camponesa e comunista, como é normal dos capitalistas exploradores e desumanizados. Depois disso, a menina cai doente, vítima dos males do imperialismo; mas, com a ajuda dos camaradas proletários, orientados pela cidadã consciente, a saúde dela é reestabelecida. Logo abaixo a menina, já recuperada, carrega consigo o livro vermelho, para se proteger do mesmo problema no futuro.

Dessa forma não é difícil ver por que alguns aqui esperam ansiosamente o tempo em que a China dominará o mundo, ao invés dos EUA.

sábado, janeiro 20, 2007

Final Fight 200%


And now for something completely different...

Final Fight é, obviamente, o clássico jogo de porrada da Capcom. Nele é preciso bater em inúmeros bandidos para resgatar a filha do prefeito, que por sinal é namorada de um dos heróis. Ora, um jogo não precisa ter história original para ser bom.

O fato é que tem uma versão muito boa do jogo para o Gameboy Advance. E, graças ao maravilhoso mundo dos emuladores, é possível joga-lo de uma forma totalmente nova. Eis como:
  1. Pegue o VisualBoy Advance. Vá por mim, é o melhor emulador para GBA.
  2. Agora é preciso jogar bastante. À medida em que você vai matando inimigos, opções secretas aparecem no menu. Depois de uns 2 mil inimigos mortos, vai aparecer uma opção "Rapid Punch", que significa que é só segurar o botão de soco para o personagem ficar dando socos repetidamente.
  3. No VisualBoy Advance, vá no menu Options, selecione Frame Skip, Throttle, 200%. Isso aumenta a velocidade de execução do jogo em duas vezes (duh!).
Agora é só jogar. Sem o Rapid Punch fica muito difícil jogar no dobro da velocidade, pelo menos sem ferrar com seus dedos e com o teclado, tentando apertar a tecla o mais rápido possível.

Jogar no dobro da velocidade tem seus próprios desafios e é bem diferente de simplesmente aumentar a dificuldade do jogo. Algumas técnicas são as mesmas do jogo em velocidade normal, mas outras coisas mudam. Por exemplo, alguns chefes que são bem fáceis na velocidade normal ficam difíceis em 200%. Outra coisa: usar as armas se torna praticamente impossível. Melhor ir no muque mesmo.

Cheguei na penúltima fase. Depois, se conseguir terminar, posso tentar jogar a 300%.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Anúncio de utilidade pública

Peço desculpas aos habitantes dos estados do sudeste que foram afetados pelas chuvas e enchentes desmedidas dos últimos dias. Elas podem ter sido conseqüência do hiato aqui no blog.

Não há como provar que essa foi a causa final, mas também não há como provar que não foi. Logo, é melhor ser cuidadoso.

Ainda bem que, postando hoje, o hiato passou só alguns dias além de uma semana.