domingo, fevereiro 04, 2007

Apocaeucalypto

Eu cresci sabendo que o mundo ia acabar. Mas como foi na década de 80, todo mundo sabia que o mundo ia acabar em uma guerra nuclear entre os EUA e a URSS, as duas siglas-potências do tempo. Eu vi inúmeros documentários sobre bombas atômicas, nucleares e de hidrogênio; sobre o que acontece na explosão, onda de choque, corpos carbonizados e tudo mais; sobre os testes do governo americano em que soldados foram expostos à radiação de uma bomba; sobre os testes com porcos. Eu vi The Day After, e documentários sobre como seria a vida após uma hecatombe nuclear. Essas coisas passavam na Globo regularmente.

Mas agora a guerra nuclear está em baixa, e todo mundo sabe que o mundo vai acabar por causa do aquecimento global. Que vai causar a elevação dos mares e sabe lá o que mais. Ironicamente, eu vi uma animação japonesa quando era pré-adolescente em que alienígenas vinham invadir a Terra porque o planeta deles tava completamente ferrado. E tinha um heroizinho andrógino de cabelo azul que pilotava o mega-robô para lutar contra eles. Mas aí chega um momento em que os alienígenas, que são humanóides perfeitos, decidem que não podem ganhar a guerra no braço, então têm que partir pra ignorância. Eles lançam duas bombas nucleares para explodirem nas calotas polares da Terra, derretendo o gelo todo e causando enormes tsunamis assassinos no planeta inteiro. Claro que a essa altura o Japão já era, mas o resto do planeta quase todo também. No final, o herói andrógino de cabelo azul está andando com o corpo de sua amada nos braços, e toca aquela musiquinha super triste, e é isso. O mundo acabou e o herói perdeu a namorada. Por sinal, eu vi vários desenhos e alguns filmes japoneses nessa época, e sempre tinha esse tom catastrófico. Um dia me perguntei, por que será que os japoneses gostam tanto de uma tragédia de grandes proporções? Que obsessão é essa que eles têm de querer ver Tóquio destruída por algum monstro gigante? Ah sim, lembrei: Hiroshima e Nagasaki e os documentários que eu vi sobre isso. Passavam no Globo Reporter, incluindo reconstituições detalhadas de como foi, relatos dos sobreviventes, toda aquela coisa legal de se ver quando você é criança. Mas ok, eu entendo porque em tantas histórias aparece um fator externo super-fodão para matar milhões de inocentes, ou o planeta todo mesmo.

Voltando, ter tido toda essa educação sobre apocalipses nucleares me deu uma idéia para solucionar o aquecimento global. Quem assistiu os documentários sabe que após as bombas e a devastação vem o que se chama de inverno nuclear, quando nuvens cobrem toda a superfície e bloqueiam os raios de sol. Então, solta-se umas bombas por aí em locais pouco habitados, e é inverno nuclear versus aquecimento global; o que acham? É um embate clássico, do tipo facas ginsu versus meias vivarina.

Mas o que importa, mesmo, é que o mundo vai acabar. O mundo sempre vai acabar.

9 comentários:

Anônimo disse...

qual era o anime?

hehe

tautologico disse...

Eu bem que quis, mas não conseguir lembrar o nome.

Anônimo disse...

Tsunami é masculino? Achei q era feminino.

Antes do mundo acabar, Al Gore ganha o Oscar, por "Uma Verdade Incoveniente" (não, ele o filme, claro), e o Prêmio Nobel da Paz. Já viu esa? Tá cotado pra ganhar o Nobel da Paz. É cada uma...

Anônimo disse...

al gore merece, não o nobel da paz, mas o oscar. por ter inaugurado uma nova fase na história do cinema _ a cinepalestra.

quanto ao post _ putz. deixa eu ir ali fazer uma denúncia ao greenpeace.

Mythus disse...

Pelo menos sua idéia é mais engraçada que as "7 soluções para o mega problema do aquecimendo global" propostas pela revista Veja.

Tykhe disse...

Agora o senhor está perdido :)
Beeeeeeeeijo

Tykhe disse...

Genial o blog, cara.

Karla disse...

Quando era mais nova, secretamente torcia pro mundo acabar enquanto eu estivesse viva (infância tediosa, morbidez, sei lá). Um professor, ao ouvir sobre mudanças no clima, faz uma cara blasé e diz que "sempre houve e sempre haverá eras glaciais e degelo"; eu afundo na cadeira, lembro da minha ignorância e não falo nada. Não sei em quem acreditar.
Ah, sobre House, já viu todos os epi da primeira? Se quiser emprestado tá às ordens (mas só daqui a uma semana, mais ou menos, quando eu terminar de assistir os episódios que faltam - viciei! :)).
Beijo!

Mythus disse...

Como é que uma história que gera uma matéria tão "feliz" pode fazer um filme tão triste?

Fiquei com vontade de ver o filme agora...