sexta-feira, abril 27, 2007

Mais citação

Uma que eu sempre gostei e reencontrei dia desses:
A computational process is indeed much like a sorcerer’s idea of a spirit. It cannot be seen or touched. It is not composed of matter at all. However, it is very real. It can perform intellectual work. It can answer questions. It can affect the world by disbursing money at a bank or by controlling a robot arm in a factory. The programs we use to conjure processes are like a sorcerer’s spells.
Ou, tentando traduzir:
Um processo computacional é realmente muito similar à idéia de espírito para um feiticeiro. O processo não pode ser visto nem tocado; não é composto por matéria em nenhuma forma. Entretanto, é bastante real: um processo pode realizar trabalho intelectual; pode responder perguntas; pode afetar o mundo ao colocar dinheiro numa conta de banco ou controlar um robô montador em uma fábrica. Os programas que usamos para conjurar esses processos são como os feitiços de um feiticeiro.
Isso está no livro Structure and Interpretation of Computer Programs de Abelson e Sussman, um clássico da computação. A capa do livro, por sinal, mostra dois feiticeiros manipulando símbolos que têm a ver com a essência da programação.

terça-feira, abril 24, 2007

Gotas de Sabedoria

Quando eu era uma criança, falava como criança, entendia como criança, e pensava como criança; mas quando me tornei um homem, deixei de lado as coisas de criança.

* * *

Disse o mestre Kyôgen:
O zen é como um homem pendurado pelos dentes em uma árvore sobre um precipício. Suas mãos não alcançam nenhum galho, seus pés não repousam em nenhum tronco e, sob a árvore, outra pessoa lhe pergunta: "Por que Bodhidharma foi da Índia para a China?" Se o homem da árvore não responde, ele fracassa; e se responde, cai e perde a vida. O que fará?

quarta-feira, abril 11, 2007

Letras

Percebo que nunca postei letras de música neste blog. Nem nos blogs falecidos anteriormente. E o que é um blog sem letra de música?

Mas o que me fez pensar em letras de música foi algo inesperado. A verdade é que uma vantagem de ter tido uma juventude metaleira é que dá para se divertir, depois, lembrando das letras das músicas. E mais, muitas ainda são cantadas de maneira incompreensível. Outro dia estava lembrando dessa:

Speak the truth
Pay the price
The unjust reign
The innocent cry

Lindo, não? As rimas, a profundidade das imagens. Ok, tem coisas bem piores. Os exemplos encheriam posts para meses. Algumas são literais demais, outras muito obscuras mas sem muita noção de ritmo, rima ou mesmo musicalidade. Mas tudo bem, de certas bandas não se espera letras lá grande coisa. E isso acontece em qualquer gênero musical. O caso do metal é que tem aquelas temáticas legais que ajudam a tornar as letras engraçadas: fantasia, terror e temas apocalípticos, por exemplo. As bandas de metal já se preocupavam com a ecologia há muito tempo.

Mas há bandas de que se espera algo, que constroem uma imagem, e mesmo assim cometem versos como
There was unrest in the forest
Isso de uma banda que é considerada cabeça, que faz letras inspiradas no objetivismo de Ayn Rand.

Por outro lado, de lugares inesperados saem coisas legais. O Ratos de Porão tinha até umas coisas interessantes vez por outra, se a pessoa aguentasse o barulho. Incluindo uma música que é a síntese perfeita -- em 16 segundos -- do que quase todas essas bandas de metal/hardcore e similares querem dizer: Caos.

terça-feira, abril 03, 2007

À guisa de anúncio

Eu estava aqui quieto, no meu canto, contente em ter aproximadamente π leitores. Mas eis que a pessoa me convida para participar em um blog conjunto e ora, por que não?

Só aviso que eu tenho um diploma de engenharia ali guardado em algum lugar. Ou seja, não esperem muito de mim. Ainda mais que minha sócia é jornalista e tal, enquanto eu nem sei usar palavras chiques como intertexto nos meus posts.

Portanto, da parte que me cabe desse latifúndio, só posso dizer que pessoas falando sobre o que elas não entendem é a própria essência da Internet. Então tá tudo bem.

Mas eu acho que vai ser legal. E quando eu tiver escrito muita besteira, combinemos que deve ser considerado como se fosse humor. Vejam lá.

segunda-feira, abril 02, 2007

Desabafo

Ninguém acredita quando eu digo que sou assexuado. Fazer o que? Sex is overrated. Por que todo mundo tem que ser bom de cama, e ter histórias de sexo selvagem e experimentações inusitadas na alcova para contar? O imperativo de ser feliz, ou ao menos parecer ser, se impõe também com relação à vida sexual das pessoas.

Falar em imperativo, aliás, me lembrou uma idéia de negócio que tive há um tempo: produtos inspirados na filosofia para um público mais culto, ou que gosta de posar de culto. O alvo principal eram as mulheres, por nenhum outro motivo que não o fato das melhores idéias terem sido de produtos para elas. E são as mulheres que compram mais, não? Estereótipos ou não. Enfim, uma das idéias pensadas foi um consolo chamado "Imperativo Categórico". Ainda acho que é um nome bem adequado.

Mas me distraio. Sim, sou assexuado. Talvez vocês não consigam entender como, e em que grau, o ato do sexo em si é bizarro para quem vê de fora, sem os hormônios para dizer que aquilo é legal. É uma grande bagunça, e se há algo que eu não gosto é bagunça. Ou sujeira. Minha mãe acha que eu posso ter um pouco de TOC, só porque eu lavo as mãos algumas vezes por dia. Atualmente trinta e duas, em média. Eu gosto de potências de dois. De potências em geral, mesmo. A própria palavra "potência" é bem potente, não? Tem assim uma qualidade quase... erótica. E o número dois então, um número mágico, um número de simetria da natureza. Dois seios, duas nádegas.

Me distraio novamente. Não é tão difícil ser assexuado, basta sublimar toda sua energia fazendo outras coisas. Se me perguntassem minha orientação sexual (sim, porque nunca chegaria a tanto já que eu não faço o jogo) eu diria que sou heterossexual não praticante. Sexo é praticamente uma religião, sim, da qual eu tento não fazer parte. A mais universal de todas. Gente de todas as cores, e regidas por qualquer deus, se ajoelham e rezam preces compostas de gemidos e suspiros e gritos, ritmados e sincopados em um transe de êxtase, como dervixes rodopiando inebriadamente...

Ah, me desculpem. Mas não, antes que me perguntem, isso não tem nada a ver com mulher ou alguma desilusão amorosa. Como assim há quanto tempo eu me abstenho de sexo? Essa é uma pergunta ofensiva. Alguns engraçadinhos também soltam indiretas que eu sou assim porque não pego ninguém. Não é verdade. Sim, é verdade que ela ligou para mim ontem e disse que sentia a minha falta. E só para provar que eu não me abstenho por falta de opção, eu a chamei para ir lá em casa hoje à noite, e ela disse que ia. Vou provar a todos vocês o quão assexuado eu sou. Vocês vão ver. Mas estava pensando comigo mesmo: que vinho será que eu compro? Algúem tem alguma dica?